sexta-feira, 30 de maio de 2008

Soneto de Fernando Pinheiro a José Afonso

Todas as manhãs subo ao mirante
e abro o portal que dá para o mundo:
vejo terra, céu e o sol fulgurante
mas não vejo cantor vagabundo.

Ele subia com seu violão
as avenidas dos bairros humildes
juntava putos sentados no chão:
todos comiam da voz peregrina.

Ia depois embora o andarilho
de coração em coração saltando
como qualquer nómada sem destino.

Mas em cada lugar onde cantava
uma tecedeira ficava urdindo
a rubra bandeira da liberdade.

Elisabete Macedo T2

Sem comentários: